quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cagnes-sur-Mer. Lar, ateliê e inspiração de Renoir.

  Para a gente conhecer um artista, nada melhor do que apreciar sua obra ao vivo e tentar compreender o que ele quis transmitir com seu trabalho. No entanto, um complemento importante para esse conhecimento é a visita a locais onde ele tenha vivido e trabalhado, como residências e ateliês. Desta forma, conseguimos captar um pouco o que ele sentiu ao olhar objetos familiares e contemplar paisagens que tenham inspirado seu talento e imaginação.Foi exatamente isso o que aconteceu quando visitei a casa e ateliê de Pierre-Auguste Renoir, na propriedade de Collettes, em Cagnes-sur-Mer, uma cidadezinha medieval encravada na Côte d’Azur, França.  Renoir chegou ao local em 1908 com sua esposa Aline e seus três filhos, Pierre, Jean e Claude. Lá construiu uma casa com todas as comodidades da época e um grande ateliê.

A entrada da casa - Foto: Simone Catto

A placa à entrada atesta o período em que Renoir habitou o local - Foto: acervo pessoal

Os fundos da casa dão para o jardim - Foto: Simone Catto
 
Detalhe do exterior da residência - Foto: Simone Catto

Na residência, ampla e acolhedora, o artista recebia regularmente os amigos, tais como os marchands Vollard e Durand-Ruel, o colecionador e mecenas Gangnat e o pintor Albert André. Rodin, Bonnard, Matisse e Modigliani também tiveram o prazer de frequentar as Collettes, onde Renoir pintava corpos sensuais e rostos plenos de luz, muitas vezes utilizando seus próprios empregados como modelos. Peles coradas e cheias de vida evocam, em suas pinturas, uma existência simples e saudável. A sensação de calor e aconchego que emana das telas é reforçada pelos tons de vermelho, utilizado pelo artista em pinceladas aqui e acolá.

Renoir - 'Os Telhados da Velha Nice' (entre 1911 e 1919)

O ateliê do artista

Foi em Cagnes-sur-Mer que Renoir se aventurou pela primeira vez na escultura, com Richard Guino e, posteriormente, Louis Morel. A monumental Vênus Vitrix, o Camponês Páris e o busto de Aline, sua esposa, atestam o soberbo trabalho que realizou com Guino entre 1913 e 1918, dando a impressão de que as esculturas saltaram diretamente de suas telas.

Mesmo acometido por uma dolorosa artrite reumatoide, Renoir continuou pintando, com impaciência e frenesi, até o último dia de sua vida, 3 de dezembro de 1919. Contava, então, com 78 anos. De Cagnes-sur-Mer, deixará paisagens, retratos, nus, esculturas e naturezas mortas.

A pequena casinha dos fundos, chamada pelo artista por 'La Ferme', ou 'A Fazenda' - Foto: Simone Catto

Renoir - 'La Ferme des Collettes', 1915

Detalhe da "Ferme des Collettes" - Foto: Simone Catto

Além de objetos pessoais e mobiliário, a casa de Renoir, hoje transformada em museu, abriga 12 telas originais e diversas esculturas. Assim como Monet, o artista também cultivava um jardim, atento à beleza da natureza e inspirado pelas coisas mais simples. Frutas, legumes, rosas cultivadas por sua esposa, buquês de flores e oliveiras ilustram diversas telas pintadas a céu aberto, na mais perfeita tradição impressionista.

Como não era permitido tirar fotos no interior, as imagens internas da casa e do ateliê foram escaneadas dos folhetos distribuídos pelo museu. Se você passar por ali, não deixe de visitar, também, a cidade medieval do Haut-de-Cagnes, com suas ruazinhas tranquilas e casinhas cheias de charme. Vale a pena descobrir os cenários que inspiraram um dos maiores mestres do Impressionismo. À bientôt, cher Renoir!

Haut-de-Cagnes - Foto: Office de Turisme de Cagnes-sur-Mer

Detalhe da cidadela medieval de Haut-de-Cagnes - Foto: acervo pessoal

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Um comentário:

  1. Estive ontem nesta casa e revi o que aqui escreve. obrigada.

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