quarta-feira, 8 de agosto de 2012

'Elles'. A temática e Juliette Binoche mereciam filme melhor.

No fim de semana fui assistir ao filme Elles, com a maravilhosa Juliette Binoche (nunca me esqueço de sua atuação em 'A Insustentável Leveza do Ser', filme de Philip Kaufman produzido há mais de vinte anos em que ela contracena com Daniel Day-Lewis e que é ambientado em Praga, uma das cidades mais lindas que já vi). Coprodução entre França, Polônia e Alemanha, Elles é dirigido pela polonesa Malgorzata Szumowska. 


O ponto de partida do filme é interessante. Binoche interpreta Anne, uma jornalista de classe média alta que trabalha para a revista Elle e prepara uma matéria sobre garotas de programa em Paris. Ao sair à coleta de depoimentos, Anne chega a duas moças: Alicja e Charlotte. Alicja (Joanna Kulig) é uma jovem imigrante polonesa que não sente nenhuma culpa ou pudor em vender o corpo diante do conforto material que a atividade lhe proporciona – atividade que tenta esconder de sua mãe na Polônia. Charlotte (Anaïs Demoustier), por sua vez, é uma estudante que disfarça sua verdadeira profissão com um emprego de meio-período no comércio, para enganar o namorado e os pais.

A polonesa, despudorada, faz um jogo de sedução com a entrevistadora.

Alicja é mais cínica e desbocada, uma menina expatriada que, por algum motivo que não sabemos, não nutre ilusões a respeito da vida. Já Charlotte é mais sensível, vive com a família, estuda, enfim – é do tipo que nos leva a concluir que a única razão pela qual tenha enveredado pelo caminho da prostituição é a facilidade de ganhar muito dinheiro, e rápido.

Anne entrevista Charlotte, uma estudante aparentemente como qualquer outra.

Paralelamente a essas duas histórias, entramos também na casa de Anne, mulher casada com dois filhos – um adolescente e outro ainda criança. O marido, executivo bem-sucedido, é visto o tempo todo no celular e não lhe dá atenção. O filho mais velho parece não estar nem aí para nada além de fumar um 'baseado'. O pequenininho é o único que demonstra algum carinho pela mãe. Vemos a jornalista desdobrando-se como profissional, dona de casa e mãe (lembrando que, na França, as mulheres não têm empregadas como aqui e são obrigadas a fazer tudo sozinhas). Anne é infeliz. Aparentemente, a única coisa que parece dar um sentido à sua vida naquele momento é o mergulho no mundo de suas entrevistadas para redigir sua matéria.


O fato é que, no decorrer do filme, ficamos o tempo todo com a sensação de que o universo e o sentimentos que permeiam essas histórias ficam só na superfície. Tanto a vida das meninas quanto a da jornalista foram subexploradas, podendo ter rendido diálogos mais ricos, nuances mais sutis, situações com um grau bem maior de complexidade. Para mim, Juliette Binoche, com sua interpretação soberba, foi desperdiçada nesse filme, que é bem fraco. De qualquer maneira, valeu a pena assistir para conferir. A quem interessar, está passando no Reserva Cultural, no Espaço Unibanco Augusta e no Lumière Playarte. 

2 comentários:

  1. O filme retrata um tema interessante, onde a prostituição é parte da trama. Aliás, o mesmo pode ser encontrada na série O negocio hbo onde três mulheres usam esta prática para alcançar o sucesso no mundo dos negócios e do poder. Das minhas séries favoritas, eu recomendo uma boa produção mais HBO.

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    1. Olá Paola, nunca assisti a essa série que você mencionou, mas já ouvi falar muito bem. Fiquei curiosa! Abraço.

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