terça-feira, 14 de agosto de 2012

VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso. Sessões cult e festa na Cinemateca.

O astral da Cinemateca Brasileira está over the rainbow. Sábado fui à abertura da VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, que vai até o próximo domingo (19 de agosto) com várias atrações interessantes, todas gratuitas. Eu é que não ia perder!

Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Foto: João Heitor Filosi

Além da exibição de vários filmes do cinema mudo, alguns com acompanhamento musical ao vivo, a Jornada montou no local uma espécie de "feira" nos fins de semana com números artísticos ao ar livre, apresentações circenses e várias tendas fechadas com atrações bizarras do tipo que costumava atrair a curiosidade das massas no final do século XIX e início do século XX. Estão lá a 'vidente', o 'homem-cachorro', a 'mulher barbada' e outras. 

As tendas de "bizarrices" atraíram a criançada - Foto: Simone Catto

Foto: Simone Catto

Thiago Cintra faz pose com seus malabares, pouco depois da abertura - Foto: Simone Catto

O homem-fogo cria mandalas pirotécnicas! - Foto: João Heitor Filosi

Foto: Simone Catto

Essa "Vênus" existiu mesmo! Era uma dançarina sul-africana chamada Saartije Baartman, nascida em 1789 e morta em 1815. 
Foi exposta em várias feiras da Europa, em razão de suas formas físicas ditas "exóticas". Em suma: a "Mulher-Melancia" da época, só que sem silicone! - Foto: Simone Catto 

Para quem não conhece, o espaço da Cinemateca é extremamente agradável, muito amplo, cool e com bastante área verde. Adoro a energia de lá.

A moçada gostou - Foto: João Heitor Filosi

Quando cheguei, havia uma banda de senhorzinhos de vermelho se apresentado no pátio. Não fiquei ouvindo porque queria assistir à primeira sessão de cinema da Jornada, um filme russo de 1927 chamado A Menina com Chapéu, do diretor Boris Barnet. Dizia-se que a atriz principal, uma bela garota chamada Anna Sten, seria a ‘Nova Garbo’, mas, devido ao crescente distanciamento entre os Estados Unidos e os soviéticos, a atriz acabou permanecendo na Rússia e não fez tanto sucesso quanto poderia.

A russa Anna Sten, supergraciosa com sua 'Natacha'.

Segundo a apresentação da Cinemateca, "A experiência da Revolução Russa em 1917 suscitou inúmeras respostas artísticas para os acontecimentos que se desenrolavam no plano concreto da História. Além das celebradas produções de mestres de vanguarda, como Serguei Eisenstein e Dziga Vertov, já conhecidos do público, cineastas russos também incursionaram por gêneros como o western, a comédia, o folhetim, o épico ou o filme de aventura, dispostos a lidar com a nova experiência social da revolução e com o desafio de representar as massas através da linguagem cinematográfica".

Em A Menina com Chapéu, Anna Sten interpreta Natacha, uma jovem simples que mora com o avô numa província e confecciona chapéus em casa. Todos os dias ela sai na neve e pega o trem para Moscou com uma caixa de chapéus para levar à loja de Madame Irene, uma mulher comicamente feia casada com um homenzinho interesseiro. Espécie de comédia romântica, o filme é um tanto simplista e deixa vários "fios soltos" no roteiro, segundo os critérios de hoje, mas isso também acaba contribuindo para sua graça como um registro de época. Há algumas cenas francamente hilárias, sobretudo aquelas que mostram as trapalhadas dos admiradores de Natacha.

'Natacha' e seu vovô.

Esse filme não teve acompanhamento musical ao vivo e nem trilha sonora - era mesmo absolutamente "silencioso", e confesso que estranhei um bocado. Já que a transmissão dos filmes mudos era sempre acompanhada de música, achei que deveria haver uma trilha de fundo - no caso, os exibidores deveriam ter feito uma pesquisa das trilhas usadas à época na Rússia e escolhido uma adequada para inserir no filme. Realmente aquele silêncio absoluto fica muito esquisito, já que nem na década de 20 era assim.

Quando o filme terminou, fui para o pátio e estava havendo uma apresentação muito legal de trapézio. O local estava cheio. Havia famílias do bairro, crianças, um pessoal descolado, estudantes de cinema, gente das artes e da comunicação. Então vi várias pessoas circulando com copos de cerveja e latas de refrigerante, e outras estavam com saquinhos de pipoca. Ao procurar de onde vinha aquilo, vi que, no outro pátio, havia umas barraquinhas com uns rapazes atenciosos distribuindo três tipos de minissanduíches e bebidas. Mais adiante, estava um carrinho com pipoca doce e salgada. No dia da abertura, as comidinhas e a bebida eram cortesia. Pedi um sanduíche de mortadela e queijo na ciabatta, tomei um Guaraná Zero e, para arrematar, comi uma pipoca doce. Achei bem simpático. Aliás, tudo o que está sendo exibido e oferecido na VI Jornada é de ótima qualidade.

As atrações ao ar livre serão apresentadas no próximo sábado e no domingo, das 16h às 22h, mas todos os dias há projeções de filmes. Lembrando, novamente, que essa programação é gratuita.

O trapezista agradou ao pessoal - Foto: Simone Catto 

Foto: João Heitor Filosi 

O clima da abertura era de quermesse! - Foto: Simone Catto

Além de exibir verdadeiras obras-primas do cinema mudo, a V JORNADA DO CINEMA SILENCIOSO merece sua visita pelas atrações e pelo astral. Se você mora nas imediações da Vila Mariana, não deixe de conferir! Acesse www.cinemateca.gov.br/jornada/2012/index.html e dê uma olhada nos filmes e atrações. A Cinemateca fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino. Tel.: 3223-3966.

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