sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

'Azul é a cor mais quente'. Uma incandescente história de amor para além do arco-íris.

Convenhamos: o título francês, 'A vida de Adèle',
é muito mais feliz!
À primeira vista, o título lembra o daqueles filmes americanos bobinhos (e ruinzinhos) feitos para adolescentes. Porém, trata-se da tradução do título da HQ adulta francesa 'Le bleu est une couleur chaude', de autoria de Julie Maroh, que conta uma história de amor entre duas garotas e inspirou esse filme que levou uma merecida Palma de Ouro em Cannes em 2013. Dirigido pelo franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, 'Azul é a cor mais quente' mostra como a adolescente Adèle (Adèle Exarchopoulos) tem sua vida transformada ao cruzar com Emma (Léa Seydoux), uma jovem que estuda artes plásticas.

Adèle é uma garota normal, bonitinha, que estuda em um bom colégio, tem amigos e família. Um colega de classe (Jeremie Laheurte) se interessa por ela, eles até começam a sair, mas Adèle não só não se interessa por rapazes como não consegue esquecer a jovem de cabelos azuis e visual meio andrógino que avistou por acaso ao atravessar uma rua.

Adèle avista Emma na rua pela primeira vez e fica fascinada.

Sempre com a imagem da outra garota na cabeça, Adèle resolve, certa noite, entrar em um bar de lésbicas em uma tentativa de encontrá-la. Como se trata de um filme de amor, o acaso naturalmente joga a favor e Adèle localiza seu alvo, Emma, logo de primeira. As meninas trocam algumas palavras, tornam-se amigas e não demora para que comecem a viver uma história de amor com direito a uma tórrida cena de sexo logo no início do romance, talvez uma das mais sensuais da história do cinema. Essa cena deu muito o que falar, tanto pela alta voltagem erótica quanto pelo fato de que, posteriormente, ambas as atrizes afirmaram que se sentiram exploradas pelo diretor pela forma como ela foi realizada. Vale ressaltar que Adèle Exarchopoulos tinha apenas 18 anos no início das filmagens e esse foi seu primeiro trabalho como protagonista. Seja como for, o resultado ficou perfeito e a cena é realmente muito bonita, valorizada pela atuação e pela beleza das atrizes, sobretudo Léa Seydoux.

Adèle consegue encontrar Emma no bar de lésbicas, é abordada por outra garota, mas Emma intervém
e elas engatam uma conversa.

Até em parada gay as duas vão desfilar, mas Adèle é muito mais tímida que a companheira.

Léa Seydoux
Na sequência já vemos as duas garotas morando juntas, mas logo a diferença cultural entre ambas começa a aparecer. Adèle é uma menina sem grandes pretensões intelectuais e, apesar da insistência e incentivo da outra, não tem a mínima intenção de cursar uma faculdade. Ela se contenta em dar aulas para crianças, atividade que já exerce e a satisfaz. Emma, ao contrário, é uma "culturete" de carteirinha, moderninha, cosmopolita, com ambição de fazer carreira nas artes e aprender cada vez mais. Emma é assumida e dona de si. Adèle, por sua vez, é inexperiente e sente-se visivelmente desconfortável quando está com Emma na presença de outras pessoas, inclusive de outros gays. Daí para começarem a surgir as falhas de comunicação e os desatinos que levarão ao doloroso desfecho final é apenas um passo. Um passo rumo ao abismo da perda e, ao mesmo tempo, do autoconhecimento.

Se você gosta de cinema e de histórias de amor, 'AZUL É A COR MAIS QUENTE' é imperdível. Mesmo. Além de contar uma história arrebatadora, é bom o suficiente para não sentirmos passar suas três horas de duração. Eu, pelo menos, não senti. Neste início de 2014 o filme está sendo exibido em duas salas de Sampa: Espaço Itaú de Cinema – Augusta e Reserva Cultural. Escolha uma e assista antes que saia de cartaz!

Ficha técnica parcial

Direção: Abdellatif Kechiche

Elenco: Léa Seydoux, Adèle Exarchopoulos, Jeremie Laheurte (Thomas, o namoradinho de Adèle), Salim Kechiouche (amigo das meninas) e outros.

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