domingo, 4 de maio de 2014

Restaurante Mocotó. Para comer de joelhos e aplaudir de pé.

Eu já havia ouvido falar maravilhas da cozinha do restaurante Mocotó, que há tempos virou lenda na cidade com suas especialidades nordestinas. Sabia que, nos fins de semana, não importa o horário da chegada, todo mundo enfrenta esperas que passam fácil fácil de uma hora e meia, duas horas. E lá fui eu num domingão tirar a prova heroicamente, incentivada por companhias tão ou mais heroicas que eu.

Olhar o povo esperando na calçada dá desespero, mas isso já era previsto. E já que havíamos chegado tão longe, estávamos para o que der e vier. Sim, porque o Mocotó é muuuito longe para qualquer criatura que não more na Zona Norte de São Paulo. GPS é fundamental, pois aquela tal de Vila Medeiros não chega nunca! (rs)

Dê uma olhada na espera! Foto: Simone Catto

Contudo, posso dizer tranquilamente que a espera valeu cada minuto. A calçada tem bancos de madeira, algumas mesinhas de apoio e, enquanto aguarda mesa, o pessoal fica petiscando e bebendo por lá mesmo. Felizmente, um desses bancos logo vagou e pudemos nos sentar. Foi então que começou o festival de delícias. Passou um garçom oferecendo miniescondidinhos de carne de panela individuais, numa bandeja. Mais do que depressa, garantimos os nossos. Com um sabor e uma delicadeza ímpares, o escondidinho é feito de purê de mandioca cremoso com recheio de carne e requeijão e gratinado com queijo de coalho. Charme extra: uma pimenta biquinho enfeita o topo. Sem exagero, foi o melhor escondidinho que comi na vida!

O escondidinho de carne de panela é uma verdadeira iguaria!

Na sequência, pedimos novos quitutes e bebidas para embalar o papo e a espera. Tudo lá fora. O próximo alvo foram os fantásticos dadinhos de tapioca. Aquilo é tão bom, mas tão bom, que não dá nem para descrever! Estamos falando de cubinhos de tapioca preparados com queijo de coalho, dourados e servidos com molho de pimenta agridoce. Como se não bastasse o sabor divino, a textura é uma coisa de louco de tão gostosa. Estou até agora sonhando com esses dadinhos! (rs).

Os inesquecíveis dadinhos de tapioca, já desfalcados! (R$ 12,90 - 6 unidades) - Foto: Simone Catto

Enquanto a conversa corria solta, escolhemos nossa próxima vítima: queijo de coalho com melado. Dourado na manteiga de garrafa e acompanhado de melado de cana, o queijo também é muito bem feito e uma ótima opção.

O saboroso queijo de coalho (unidade: R$ 6,90) - Foto: Simone Catto

Só posso dizer que, com tantas coisas gostosas e um papo tão bom, nem sentimos a hora passar. Quando finalmente foi liberada uma mesa para nós, já se haviam passado duas horas e vinte minutos!

O ambiente, aconchegante, lembra boteco de interior - foto: Simone Catto

A foto não saiu exatamente uma maravilha, mas dá para ter uma ideia também do outro salão - Foto: Simone Catto

E aqui, uma espiada no pessoal fazendo mágica na cozinha! - Foto: Simone Catto

O ambiente do restaurante lembra uma mistura de empório com boteco antigo de interior. Ou seja: é bem colorido, simpático e acolhedor, sem dúvida com o jeito de seu fundador, um pernambucano chamado José Oliveira de Almeida que veio tentar a sorte em São Paulo no início dos anos 70, começou a vender os quitutes de sua terra por aqui e o negócio prosperou à base de muita dedicação e amor ao trabalho. Hoje a casa é tocada por seu filho Rodrigo Oliveira, mas seu Zé faz questão de acompanhar pessoalmente o preparo das receitas. Apaixonado por gastronomia, Rodrigo não só deu continuidade à fabulosa tradição culinária do pai como a aprimorou ainda mais, incluindo no cardápio uma diversificada carta de cachaças que também faz a fama da casa. E já que estamos falando em prazeres etílicos, comecei a refeição pedindo o delicioso caju amigo preparado com cachaça, caju em calda e suco de caju fresco.

Meu caju amigo do peito! (R$ 16,90) - Foto: Simone Catto

Depois foi a hora de começar a comilança propriamente dita. Entre a rica seleção de pratos típicos regionais como feijão de corda, atolado de vaca, costelinha de porco e pirarucu assado, entre tantos outros, fomos primeiro de carne seca desfiada com cebola roxa: carne seca puxada na manteiga de garrafa, acompanhada de pimenta de bico, mandioca cozida e jerimum assado com mel e especiarias (R$ 38,90). Estava divina. O jerimum, aliás, estava um escândalo de tão bom.

É óbvio que não iríamos perder a oportunidade de provar também outro quitute regional. Pedimos então o baião-de-dois, o famoso feijão com arroz incrementado com queijo de coalho, linguiça, bacon e carne seca. O baião-de-dois vem acompanhado de um delicioso purê de mandioquinha e pode ser servido em quatro porções: mini, pequena, média e grande, por preços que variam de R$ 13,90 a R$ 36,90. Optamos pela pequena, a R$ 17,90, que seria mais do que suficiente. Veja, a seguir, a prova do crime com todas as evidências reunidas sobre a mesa!

Ai, os meus pecados! - Foto: Simone Catto

E não parou por aí! É óbvio que não iríamos até o Mocotó sem experimentar ao menos uma sobremesa. Pedimos então o maravilhoso e levíssimo pudim de tapioca, que leva leite condensado, leite de coco e uma calda de coco queimado que vai por cima. Que que é aquilo! O pudim é tão leve que derrete na boca, simplesmente glorioso!

O pudim de tapioca, de uma delicadeza e um sabor celestiais! (R$ 11,90) - Foto: Simone Catto

E para dar coragem de levantar no final... um delicioso cafezinho para arrematar! 

Foto: Simone Catto

Enfim, o MOCOTÓ é um daqueles restaurantes que você deve conhecer antes de morrer. Absolutamente obrigatório! Além disso, não sei se você reparou, mas os preços são bem camaradas. Sim, o Mocotó é honesto. Embora a comida seja maravilhosa, o cliente não é esfolado e nem sai mais pobre, muito pelo contrário: sai enriquecido por uma experiência gastronômica memorável valorizada por um ambiente de gostosa e acolhedora simplicidade. Vá lá, mas não esqueça o GPS! Fica na Av. Nossa Senhora do Loreto, 1100 – Vila Medeiros. Tel.: 2951-3056 – www.mocoto.com.br.

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