domingo, 8 de fevereiro de 2015

'Leonardo da Vinci – A Natureza da Invenção': um pálido retrato do maior gênio da história.

Quando falamos em Leonardo da Vinci, é inevitável: a primeira imagem que nos ocorre é o manjadíssimo retrato da Mona Lisa, a obra de arte que, possivelmente, só perde em popularidade para o retrato de Che Guevara estampado nas camisetas dos incautos que desconhecem a história.

Mas Leonardo pintou também 'A Última Ceia', é claro. E esculpiu. E arquitetou. E filosofou. E também foi músico, poeta, matemático, físico, cientista, geólogo, engenheiro, botânico, zoólogo e - ufa!... anatomista. Sim, é indiscutível que o florentino Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o maior gênio da história da humanidade. É realmente assombroso como um único homem pôde reunir tanta criatividade, tantos talentos diferentes e, mais do que isso, ter conseguido explorá-los e desenvolvê-los em apenas 67 anos de vida. Para ele, arte e ciência caminhavam juntas.

Foto: Simone Catto
É por tudo isso que, ao visitar a exposição Leonardo da Vinci – A Natureza da Invenção, no Centro Cultural Ruth Cardoso, na Fiesp, saí com a sensação de ter visto algo que não fazia jus à grandeza do homem mais inventivo, criativo e genial que o mundo já viu.

Visionário e observador apaixonado da natureza, Leonardo estudou o voo dos pássaros, o comportamento dos insetos e os movimentos dos seres vivos para criar máquinas, instrumentos de engenharia e os mais diversos objetos utilitários. A calculadora é um deles. Há também o tear, que Leonardo desenvolveu a partir da observação de como as aranhas construíam suas teias. Ao observar o voo dos pássaros, criou também um protótipo de helicóptero e fez descobertas que, futuramente, lançariam as bases da indústria aeronáutica. Inventou máquinas fabulosas cujos princípios mecânicos são utilizados até hoje.

Foto: g1.globo.com

Foto: J.Dura Machfee/Folhapress

A mostra da Fiesp apresenta um conjunto de projetos, desenhos, protótipos e maquetes produzido em 1952 para celebrar o quinto centenário do nascimento de Leonardo. Na ocasião, pesquisadores e engenheiros estudaram e analisaram seus manuscritos para criar as peças apresentadas ao público um ano mais tarde e que hoje se encontram no Museu Nazionale dela Scienza e dela Tecnologia Leonardo da Vinci, em Milão. É parte desse conjunto que está exposto em São Paulo.

Foto: Tauany Cattan

É natural que as peças da exposição possam ser interessantes para quem aprecia física e engenharia, mas a forma como estão sendo exibidas, meio espremidas no espaço, inibem a leitura das poucas placas explicativas e a interatividade necessária para manejarmos algumas engenhocas. Sem falar que no dia de minha visita havia gente demais. Por isso, senti falta de monitores que pudessem explicar ao público leigo – eu, inclusive - o que Leonardo pretendeu ao criar cada uma daquelas peças, como as criou e para que serviam.

Foto: Divulgação / Centro Cultural Fiesp - Ruth Cardoso
  
Leonardo pretendia reunir seus conhecimentos na forma de uma grande enciclopédia, mas, devido à sua atividade febril, não teve tempo para isso. Após sua morte, seus livros e folhetos ficaram aos cuidados de um aluno chamado Francesco Melzi (1491-1570), que herdou os trabalhos artísticos e científicos do mestre, administrou seus bens e compilou alguns textos em uma obra denominada ‘Trattato dela Pittura’.

No total, o material produzido pelo gênio equivale a 120 livros, mas a maioria foi desmembrada ou vendida - somente um terço desse acervo restou. Atualmente, existem dez conjuntos de folhas, preservados por algumas instituições culturais europeias, e um deles foi adquirido por Bill Gates em 1994, por 25 milhões de dólares.

O fato é que, ao tomarmos conhecimento das façanhas artísticas e intelectuais de Leonardo da Vinci, é difícil não achar a exposição da Fiesp acanhada para dar conta de toda a genialidade do homem mais iluminado da Renascença e, possivelmente, o ser mais inteligente que já existiu na faça da terra.

Se você quiser conferir mesmo assim, vá la: LEONARDO DA VINCI - A NATUREZA DA INVENÇÃO - Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso - Av. Paulista, 1313 – São Paulo. Tel.: (11) 3146-7406. Abre de segunda a domingo, das 10h às 19h40. Até 10/5. 

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