domingo, 1 de fevereiro de 2015

São Paulo Companhia de Dança: fique de olho na temporada 2015!

Toda vez que vou a um espetáculo de dança e vejo o teatro lotado, devo dizer que fico extremamente feliz. Isso mostra que, em meio à horda de ogros que habita São Paulo, é possível encontrar, aqui e acolá, lampejos de arte, cultura e sensibilidade. 

Felizmente, todos os espetáculos da São Paulo Companhia de Dança aos quais assisti - foram vários! - tiveram sala cheia. O último foi no final do ano passado, em novembro, quando tive o privilégio de assistir, no Teatro Sergio Cardoso, à última apresentação de um dos quatro programas da temporada daquele mês: o programa 4, de gala, com convidados internacionais. 

O primeiro número, Bachiana nº1, teve coreografia de Rodrigo Pederneiras. do Grupo Corpo, e foi inspirado nas Bachianas Brasileiras nº 1, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Composta em 1930, essa bachiana tem uma estrutura que lembra as fugas de Bach, porém as harmonias e a melodia têm um caráter genuinamente nacional facilmente identificável. Dividida em três movimentos, no dia do espetáculo ela foi interpretada lindamente por oito violoncelistas da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). O Pas de Deux ficou a cargo de Pamela Valim e André Grippi, e mais treze bailarinos compuseram o elenco.  

Bachiana no.1 - Foto: SPCD - Wilian Aguiar

A apresentação seguinte foi, em minha opinião, uma das melhores: tratou-se do Grand Pas de Deux do clássico balé Dom Quixote, inspirado na novela de Miguel de Cervantes. Romântico e vigoroso, o número mostra a alegria do encontro do casal Kitri e Basilio, personagens principais da obra, no dia de seu casamento. A música é de Leon Minkus (1826-1917) e a coreografia foi criada especialmente para a SPCD por Mario Galizzi e inspirada no original de 1911 de Michel Fokine (1880-1942). Os intérpretes foram Thamiris Prata e Daniel Camargo, bailarino convidado. Nascido em Sorocada, interior de São Paulo, Daniel é hoje o primeiro bailarino do Stuttgart Ballet, na Alemanha. Orgulho nacional!

A bailarina Thamiris Prata em Don Quixote - Foto: SPCD - Marcela Benvegnu

Na sequência tivemos o romântico e conhecidíssimo Le Spectre de La Rose, com coreografia de Mario Galizzi baseada no original de Michel Fokini que estreou em 1911 nos Ballets Russes de Diaghilev. Inspirada no poema homônimo de Théophille Gautier e composta por Carl Maria Von Weber (1786-1826), a música Convite à Valsa foi orquestrada por Hector Berlioz e renomeada como Convite à Dança. Inversamente ao que estamos habituados a ver nos balés românticos, aqui o solo masculino se sobressai ao feminino. Naquele dia, o número foi apresentado por Luiza Yuk e o excelente Yoshi Suzuki.

Yoshi Suzuki e Luiza Yum em Le Spectre de La Rose - Foto: SPCD - Clarissa Lambert

E finalmente, o espetáculo foi encerrado com o belo Grand Pas de Deux de O Cisne Negro, também coreografado por Mario Galizzi a partir da obra de Marius Petipa (1818-1910) com data de 1895. Esse duo integra o terceiro ato de O Lago dos Cisnes e marca o encontro do príncipe Siegfried com Odile, o Cisne Negro maldoso e ardiloso. Com a belíssima música de Tchaikowsky (1840-1893), este é, sem dúvida, um dos balés mais populares do mundo. Os intérpretes foram Luiza Lopes e o premiado brasileiro Thiago Soares, desde 2006 primeiro bailarino do The Royal Ballet, em Londres. Um belo número!

Luiza Lopes como o Odile, o Cisne Negro de O Lago dos Cisnes - Foto: SPCD - Wilian Aguiar

Não sabemos se a São Paulo Companhia de Dança apresentará esse repertório também em 2015, mas, como todos os seus espetáculos são da mais alta qualidade, se você gosta de balé, recomendo assistir a pelo menos um. Confira a programação em www.http://spcd.com.br/agenda.php.

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