terça-feira, 8 de setembro de 2015

Amantikir, o parque da "serra que chora" e faz o coração sorrir.

Era uma vez um engenheiro agrônomo chamado Walter Vasconcellos. Além de plantas, ele cultivava um sonho: compartilhar com todas as pessoas os lindos jardins que criava para as residências de seus abastados clientes. Esse sonho brotou, cresceu e, em 2007, tomou forma e ganhou um nome: Parque Amantikir.

Em agosto, numa de minhas andanças pela Serra da Mantiqueira, tive a felicidade de conhecer esse miniparaíso localizado em Campos do Jordão – SP e posso dizer que se trata de um dos pedaços de terra mais belos e bem cuidados que já vi no Brasil.

Entrada do Parque Amantikir - Foto: Simone Catto

O labirinto de grama, abaixo, é o cartão-postal símbolo do parque. Criado pelos celtas no século V a.C., esse tipo de labirinto era considerado um lugar sagrado e possui forte conotação esotérica.

Labirinto de grama - Foto: Simone Catto

Com 25 alqueires (600.000 m²) no total, ocupados por jardins cultivados e plantas nativas em um terreno que pertencia ao extinto haras Serra Azul, o Amantikir presta uma verdadeira homenagem a toda a exuberância natural da Serra da Mantiqueira. Hoje reúne quase 900 espécies de plantas em 27 espaços inspirados em cerca de 50 jardins de diferentes países que Walter conheceu pelo mundo, além de atrair mais de 90 espécies de pássaros.

Foto: Simone Catto

Vista do Jardim Inglês - Foto: Simone Catto

Cada cantinho do parque foi idealizado por Walter Vasconcellos, carinhosamente apelidado de 'Dr. Garden', e construído com apoio financeiro de mais três empresários. 

Foto: Simone Catto

Neste agradável espaço, podem ser realizados pequenos eventos - Foto: Simone Catto

Na parte Leste do parque, dá para apreciar calmamente a serra da Mantiqueira em toda a sua imensidão e beleza!

Foto: Simone Catto

Viva a Mantiqueira! - Foto: Simone Catto

O Amantikir também tem um labirinto clássico. Se alguém se perder por lá, precisa esperar para ser resgatado pelo jardineiro somente às 17 horas. Eu não arrisquei! (rs) 

O labirinto clássico - Foto: Simone Catto
  
Nessa linda paisagem, dá para notar o labirinto clássico no centro, ao fundo - Foto: Simone Catto
  
À entrada do parque, ganhamos um mapa muito prático indicando o trajeto a ser percorrido e os nomes de cada jardim pelo caminho. O local é muito bem sinalizado e placas fornecem instruções sobre a conduta adequada para o visitante desfrutar o passeio sem desrespeitar esse lugar mágico.

Noções de civilidade nunca são demais! - Foto: Simone Catto

Aqui as plantas foram cultivadas em patamares. A cada época do ano, mudam as cores - Foto: Simone Catto

O parque também tem um agradável restaurante. Como eu havia tomado um excelente café da manhã, não tinha um pingo de fome. O almoço vai ficar para a próxima vez!

O restaurante - Foto: Simone Catto

Mas de onde surgiu o nome 'Amantikir'?

Diz a lenda que havia uma linda princesa da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. Todos os homens a desejavam, mas a princesinha rejeitava todos, até que um dia se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo que vivia no céu e caçava para o deus Tupã. A princípio, o Sol não queria saber dela, mas acabou se rendendo aos encantos da princesa. Então passou a brilhar por horas e horas a fio sobre a Terra para beijar a amada, e nada da noite chegar. O sol não se punha mais. A Lua, que também era apaixonada por ele, ficou louca de ciúmes e raiva e contou tudo ao deus Tupã, que ergueu uma grande montanha e encerrou a princesa em seu interior. O Sol, cheio de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas. Mas nenhum choro foi tão intenso como o da princesa, que nunca mais pôde ver o dia e nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, Rio Verde, Rio Passa-Quatro, Rio Quilombo, rios de águas límpidas, minas, fontes, cachoeiras, mananciais... Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou-a de Amantikir, a "Serra que chora". Os portugueses pronunciavam como "Mantiqueira", e assim nasceu a serra-mãe deste lindo parque... Só lamento que a pobre princesa tenha precisado chorar tanto para criar uma paisagem tão linda!

Foto: Simone Catto

O Jardim Japonês - Foto: Simone Catto

O Amantikir não recebe patrocínio ou apoio governamental, é todo sustentado pela iniciativa privada e o valor arrecadado com a venda de ingressos. Todo o projeto do parque está apoiado sobre três pilares: Diversidade, Sustentabilidade e Educação. A ideia é que as pessoas saiam de lá melhores do que entraram, ganhando a oportunidade de refletir e aprender a respeitar a natureza. Porque o Amantikir não é apenas a realização do sonho de um só homem. É um sonho generosamente compartilhado para o deleite de todos, como bem explica o belo texto a seguir, de autoria de Rubem Alves, que introduz o site do parque:

“Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim. Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir. Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho. Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma...” - Rubem Alves

Se você for à Serra da Mantiqueira, não deixe de conhecer essa maravilha! O PARQUE AMANTIKIR fica na Rodovia Campos do Jordão-Eugênio Lefèvre, 215 - Bairro Gavião Gonzaga - Campos do Jordão - SP. Tel.: (12) 9 96346784 – www.parqueamantikir.com.br. Abre todos os dias, das 8h às 17h.

INGRESSOS

Os ingressos são descritos na língua Tupi, como uma forma de valorizar as raízes indígenas.

-Açu (Inteira): R$ 30,00 em julho e R$ 25,00 nos demais meses.

-Böya (Meia): R$ 15,00
Estudantes, Aposentados, Sêniores (acima de 70 anos), hóspedes de parceiros e grupos acima de 10 pessoas sem agendamento prévio.

-Cati (Especial): R$ 10,00
Hóspedes de parceiros e grupos acima de 10 pessoas com agendamento prévio.

-Ayira: Cortesia
Moradores locais, crianças até 4 anos* e visitantes acima de 80 anos*.

* Máximo de 2 pessoas por grupo familiar com o mesmo sobrenome.

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